Tarifaço dos EUA afeta até preços do café vendido a outros países
Exportadores brasileiros já vendem com deságio de US$ 20 a saca sobre o valor negociado na bolsa de Nova York
A tarifa de 40% imposta pelos Estados Unidos ao café brasileiro tem derrubado não só o volume embarcado para o país, mas também o valor das exportações para outras nações. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) estima que os exportadores podem ter um prejuízo adicional de até US$ 2 bilhões com o deságio nos preços pagos pelo café brasileiro, em relação às cotações praticadas na bolsa de Nova York.
“Para vender para outros destinos, o Brasil está tendo que ir para o sacrifício. O deságio está beirando US$ 20 por saca sobre o preço da bolsa. Se a questão do tarifaço não for solucionada, podemos chegar a perder US$ 40 por saca. Com isso, vamos perder de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões até o fim da safra”, diz Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Ontem (19), representantes do Cecafé, da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) e da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) reuniram-se em Brasília com o vice-presidente Geraldo Alckmin para tentar avançar nas negociações a respeito do tarifaço. Os exportadores querem que o governo negocie a redução ou retirada da tarifa de 40% sobre o café separada de outros produtos.
Na semana passada, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, acenou com a possibilidade de suspender o tarifaço por 90 dias, até que se chegue a um acordo final. Ferreira diz que não é possível para o setor aguardar esse prazo. Desde o início do tarifaço de 50%, de agosto até outubro, as exportações de café para os EUA caíram 51,5%, para 983,97 mil sacas.
No dia 14, o governo americano suspendeu parte das tarifas recíprocas de 10% aplicadas a todos os parceiros comerciais sobre uma série de produtos agrícolas. No caso do café brasileiro, a tarifa passou de 50% para 40%. “Com a tarifa de 40% para o café brasileiro e zerada para outros concorrentes, a situação piorou bastante. Estão entrando as safras da Colômbia, América Central e do Vietnã, que vão exportar sem tarifa, enquanto o Brasil tem tarifa de US$ 200 para uma saca de US$ 500 na bolsa. Não tem como exportar”, diz Ferreira.
Para ele, se não houver redução na tarifa, há risco de as exportações brasileiras caírem 80%. “Desde o começo do tarifaço não se fecha contrato novo. E mais de 50% dos contratos antigos estão sendo postergados ou suspensos.”
O cenário é confirmado pelo presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), que responde por 20% dos embarques aos EUA. Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, diz que desde que o tarifaço entrou em vigor, os embarques aos EUA caíram para 35 mil sacas — eram de 380 mil sacas no mesmo intervalo de 2024.
Alckmin informou aos executivos que vai encaminhar a demanda do setor ao Planalto e disse estar otimista com a evolução das negociações com os Estados Unidos.
Fonte. https://globorural.globo.com/agricultura/cafe/noticia/2025/11/tarifaco-dos-eua-afeta-ate-precos-do-cafe-vendido-a-outros-paises.ghtml
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