Venceu o clássico mineiro quem tem um time
Atlético-MG inverte lógica e consegue ser melhor no primeiro tempo, mas não aproveita chances. Cruzeiro, inclemente, fica com a vaga nas mãos ao vencer por 2 a 0
Em um clássico deste tamanho, até pode dar a lógica – mas às vezes acontece de não ser uma lógica tão lógica assim. Antes do Atlético-MG x Cruzeiro desta quarta-feira, na Arena MRV, ninguém se espantaria com uma vitória celeste: é o time mais bem estruturado, é quem vem jogando melhor. Ao fim do primeiro tempo, porém, a impressão era contrária: o Galo dominava a partida, e nada sugeria que sofreria uma derrota por 2 a 0 no duelo de ida das quartas de final da Copa do Brasil.
Foi um ótimo clássico, de marcação forte e tentativas de saídas rápidas, com dois times intensos e ambiciosos. Houve uma clara separação entre o controle atleticano no primeiro tempo e o domínio celeste na etapa final. E dentro dessa distinção também esteve embutida a principal diferença do jogo: um perdoou, o outro foi inclemente.
A incapacidade do Atlético para aproveitar as chances criadas no período inicial foi um fator determinante da partida. Embora a principal aposta de Cuca (Dudu como titular) não tenha causado grande impacto, o Galo foi imponente. Cuello incomodou pela esquerda, Gustavo Scarpa se movimentou bastante, Alexsander apareceu bem à frente. E isso sem deixar o Cruzeiro explorar Matheus Pereira e Kaio Jorge, seus melhores jogadores.
Tudo mudou, porém, no segundo tempo. E mudou porque o Atlético, por mais empolgado que estivesse, não tem a mesma organização do rival – e, consequentemente, comete mais falhas. Aos quatro minutos, o zagueiro Fabrício Bruno encontrou liberdade no campo de ataque para mandar um chute raro, precioso, no ângulo de Everson; aos 18, o mesmo Fabrício Bruno ganhou pelo alto e ajeitou para Kaio Jorge ampliar (justificando a convocação de ambos para a seleção brasileira).
O Cruzeiro poderia ter ampliado. Mesmo quando o Atlético voltou a crescer na partida, a equipe de Leonardo Jardim teve a situação sob controle. Hulk foi bem marcado, Dudu também – e as entradas de Reinier e Rony não fizeram diferença. O clima pesou: a torcida vaiou o time, Cuca bateu boca com torcedores a caminho do vestiário, e no rosto dos jogadores estava desenhada a frustração com mais um resultado negativo.
Agora a lógica diz que o Cruzeiro tem a vaga nas mãos. E tem a vaga nas mãos porque aproveita incongruências tão típicas do futebol. O Atlético, vice-campeão da Libertadores e da Copa do Brasil no ano passado, regrediu: chega a setembro sem ter um time confiável. Enquanto isso, o Cruzeiro encontrou uma formação sistemática, funcional, quando ninguém mais esperava – depois de fazer apostas questionáveis em medalhões e correr sério risco de desperdiçar o ano.
A volta será daqui a duas semanas, no dia 11 de setembro, e é improvável que o Cruzeiro se perca ou o Atlético se encontre em tão pouco tempo. Diante de sua torcida, a Raposa deve confirmar a presença nas semifinais – uma recompensa justa para uma das equipes mais interessantes do futebol brasileiro nos últimos meses.
Fonte. https://ge.globo.com/blogs/blog-do-alliatti/post/2025/08/28/venceu-o-classico-mineiro-quem-tem-um-time.ghtml
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