‘Tecnologia não é gasto, é meio de reduzir os custos’
Assunto foi abordado durante painel do Agro Horizonte, evento promovido pela Globo Rural nesta quarta-feira (29/10)
Em um quadro de aperto nas margens financeiras, como é o caso, hoje, para quem atua em segmentos importantes da agropecuária brasileira, como a cadeia da soja, uma das primeiras coisas que os produtores fazem é cortar gastos supérfluos. Nessa leva, não raro ficam para um futuro indeterminado planos de investimento em novas tecnologias ou em renovação de maquinário.
Mas, a julgar por algumas análises que compuseram os debates do “Agro Horizonte”, evento promovido pela Globo Rural na quarta-feira (29/10), em Brasília, talvez fosse melhor os produtores apontarem a tesoura para outro lado. “Na nossa companhia, nós estamos com uma pegada muito grande na digitalização. A tecnologia não vem para facilitar só a vida do produtor, mas para melhorar toda a cadeia do agro”, disse André Guillaumon, diretor-presidente da Brasilagro, empresa especializada na compra, desenvolvimento, exploração e comercialização de propriedades rurais.
No painel de que o executivo participou, um dos temas foi o seguro rural, que tem, historicamente, baixa penetração no Brasil, como observou Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguros Rurais da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg). Mais cedo, na abertura do evento, o assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, afirmou que o sistema de seguro rural do Brasil está “falido”.
André Guillaumon pegou o caso das limitações do seguro rural para ilustrar seu ponto de vista. “A política pública tem que garantir a segurança jurídica dos sistemas, mas sabe o que poderia garantir uma redução absurda do prêmio de seguro? A digitalização, a tecnologia”, comentou. “Hoje, está todo mundo na mesma vala [na análise de risco], e isso não está certo. Com tecnologia, o produtor consegue mostrar que ele oferece menos risco. Isso é no caso do seguro, do crédito e de muito mais coisa”.
Um divisor de águas para o avanço da tecnologia, acredita ele, foi a ascensão da internet por satélite. “Produtor que há dez anos conseguia ter cobertura de internet em 16% da propriedade, hoje consegue em até 100%. E pagando R$ 300 de mensalidade”, afirmou.
Seja como for, com ou sem tecnologia, o quadro do aperto das margens não vai mudar de uma hora para outra. “Eu não vejo possibilidade de queda dos juros no curto prazo. Não é preciso ser um economista muito sofisticado para ver isso. O que o produtor que fazer é alongar [as dívidas] e saber viver esse momento de transição”, disse Gustavo Freitas, diretor-executivo de Negócios, Crédito e Produtos do Sicredi.
Fonte.https://globorural.globo.com/agro-horizonte/noticia/2025/10/tecnologia-nao-e-gasto-e-meio-de-reduzir-os-custos.ghtml
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