Adecoagro Foto Divulgação
Companhia também registrou retração nos negócios com açúcar e leite, que têm menor peso no balanço.
A quebra na safra de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil golpeou os resultados de mais uma empresa do setor. Diante da menor moagem de cana e menor produção, a Adecoagro, multinacional agrícola hoje controlada pela Tether Investments e com capital aberto na bolsa de Nova York, saiu do azul no segundo trimestre do ano passado para um prejuízo líquido ajustado de US$ 14 milhões no mesmo período deste ano.
Embora também tenha atuação em outros negócios na América Latina, como na produção de grãos, leite e arroz, a operação que teve o maior impacto no resultado foi o negócio de açúcar e etanol no Brasil. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 36,3%, para US$ 68,1 milhões.
A companhia também teve Ebitda menor nas operações de arroz e leite, mas o peso desses negócios no resultado é menor. Já a operação de grãos deu prejuízo operacional, com Ebitda negativo de US$ 11,4 milhões.
Em suas três usinas no Brasil — duas em Mato Grosso do Sul, que operam praticamente o ano todo, e uma em Minas Gerais —, a Adecoagro processou 13,5% menos cana-de-açúcar do que um ano atrás, somando 3,4 milhões de toneladas. No acumulado de 2025, a moagem da empresa caiu 19,8%, para 4,9 milhões de toneladas. Essa redução é fruto da queda de 12,5% na produtividade agrícola, que está em 65 toneladas por hectare.
Além disso, a concentração de sacarose nas plantas também está menor, diminuindo ainda mais o potencial de produção. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) está em 4,8%, a 118 quilos de ATR por tonelada de cana.
Com isso, a produção de açúcar e etanol desde o início do ano já caiu 25,6% e 23,8%, respectivamente. Em compensação, a companhia aproveitou o momento de preços mais altos do etanol para concentrar suas vendas no período. A receita líquida com vendas do negócio cresceu 9,6% no trimestre, para US$ 301,7 milhões.
Já a receita bruta total de vendas da Adeocoagro (incluindo as vendas líquidas das usinas) alcançaram US$ 391,9 milhões, queda de 1,4%.
Cogeração de energia
A operação de cogeração de energia, por sua vez, recuou desde o início do ano 20,2%, para 256 mil megawatts-hora (MWh). Essa redução é fruto não apenas da menor quantidade de bagaço, mas da decisão de estocar biomassa no ápice da época de seca do ano, quando os preços spot costumam ser mais altos.
Em 3 de julho, logo após o fechamento do trimestre, a Adecoagro fechou um memorando de entendimento com sua nova controladora Tether para explorar a possibilidade de uso da energia cogerada de suas operações nas usinas para a mineração de criptoativos. Segundo a empresa agrícola, essa parceria permitiria a monetização de 10 MW que costumam ser vendidos no mercado spot de energia.
Os menores resultados operacionais em todas as linhas de negócio fizeram com que a alavancagem aumentasse no trimestre, mas não só. Houve também aumento do endividamento e maiores gastos financeiros decorrentes da alta dos juros. A dívida líquida cresceu 10,7%, para US$ 699,2 milhões, e representou 2,3 vezes o Ebitda ajustado em 12 meses, acima dos 1,3 vez de um ano antes (Globo Rural, 18/8/25)
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