Operação apreende 7 mil cabeças de gado de áreas de desmatamento ilegal na Amazônia
Seis frigoríficos foram autuados pela compra direta de animais de áreas embargadas
Ibama deflagrou a Operação Carne Fria 3 contra a criação de gado em áreas de desmatamento ilegal — Foto: Ibama/Divulgação
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 7.061 cabeças de gado criadas em áreas embargadas por desmatamento ilegal e aplicou R$ 49 milhões em multas aos infratores. As medidas fazem parte da Operação Carne Fria 3, deflagrada nesta sexta-feira (29/8), com foco no combate ao desmatamento associado às cadeias produtivas na Amazônia.
A fiscalização alcançou também os frigoríficos. Dezesseis foram inspecionados e seis autuados em R$ 4 milhões pela compra direta de 8.172 cabeças de gado de áreas embargadas, de acordo com comunicado do Ibama.
Outros 12 frigoríficos foram notificados e estão sob investigação por aquisição de gado suspeito, triangulado com fazendas “limpas” para disfarçar a origem ilegal.
A reportagem obteve a informação de que a JBS seriam uma das empresas envolvidas na investigação. Ainda não há detalhes sobre qual seria o nível de envolvimento. Procurada, a empresa não respondeu até a publicação da reportagem.
Maior parte do desmate é ilegal, diz Ibama
Segundo o Ibama, a maior parte do desmatamento que ocorre na Amazônia é ilegal, pois não há autorização prévia para a supressão da vegetação, como exige o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012). Em ações fiscalizatórias anteriores, essas áreas já haviam sido embargadas cautelarmente, o que impede seu uso e ocupação, exceto para atividades de subsistência.
"Nas análises, foram identificados mais de 2,1 mil hectares de floresta suprimida ilegalmente, que deveriam estar em recuperação, mas eram usados para pecuária. Produzir, vender ou comprar gado dessas áreas embargadas é crime ambiental e os responsáveis são autuados", afirmou o instituto em nota.
Além disso, foram inspecionados 20 imóveis rurais nos municípios de São Félix do Xingu (PA), Pacajá (PA) e Rondon (RO), cidades líderes em desmatamento, de acordo com o instituto.
"Como resultado, o Ibama aplicou R$ 22 milhões em multas por descumprimento de embargo e impedimento da regeneração da vegetação. Além da apreensão dos mais de 7 mil animais, avaliados em cerca de R$ 30 milhões, os proprietários foram notificados a retirar o gado das áreas embargadas no prazo de 30 dias", ressaltou.
A operação revelou ainda indícios de “lavagem de gado”. Animais de áreas ilegais eram transferidos para propriedades sem embargo para receber novas Guias de Trânsito Animal (GTAs), criando uma aparência de legalidade antes de serem repassados a frigoríficos exportadores.
Animais de áreas ilegais eram transferidos para propriedades sem embargo para receber novas Guias de Trânsito Animal (GTAs) — Foto: Ibama/Divulgação
Além das medidas administrativas, todas as irregularidades foram encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) para responsabilização civil e criminal dos envolvidos.
As investigações da Operação Carne Fria 3 tiveram início em março de 2025 e integram o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
Nas duas edições anteriores da operação (em 2017 e 2024), o Ibama fiscalizou mais de 50 frigoríficos, centenas de imóveis rurais e realizou mais de 170 autuações, que totalizaram R$ 640 milhões, além da apreensão de 8.854 cabeças de gado
Fonte. www.cnnbrasil.com.br
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