Manejo de dejetos na pecuária é alternativa contra emissão de metano
Documento sobre o tema foi lançado na COP 30, em Belém (PA)
A redução das emissões de metano no meio ambiente foi tema de um painel da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece em Belém (PA). Para contribuir aos debates sobre caminhos viáveis para combater os gases de efeito estufa na agropecuária, foi lançado durante o encontro um guia sobre gestão de dejetos da produção animal.
O documento, elaborado com a participação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Embrapa Suínos e Aves, Instituto 17 e Climate and Clean Air Coalition (CCAC), destaca que a redução de metano no setor pecuário é uma das formas mais rápidas e também efetivas na parte financeira de conter o aquecimento global.
"Além de reduzir as emissões de um poluente climático de vida curta, o manejo adequado dos dejetos oferece oportunidades concretas de geração de energia renovável, substituição de fertilizantes químicos, melhoria da qualidade do ar e fortalecimento da segurança alimentar. Esse conjunto de benefícios coloca o tema no centro da agenda climática, onde a pecuária desempenha papel estratégico tanto na economia quanto na subsistência de milhões de famílias", destaca o guia.
Como exemplo, Sidney Medeiros, auditor fiscal do Mapa, apresentou às autoridades internacionais o Plano ABC+, criado pelo governo brasileiro há mais de 15 anos como parte da estratégia de combate a gases de efeito estufa.
“Temos resultados consistentes aplicados em propriedades rurais de vários perfis. Isso nos permite compartilhar soluções com países que passam por desafios semelhantes, sobretudo no Sul Global”, afirma Medeiros.
A emissão de metano associada à pecuária acontece de duas formas: direta e indireta. A primeira é por meio do processo digestivo dos animais e do manejo dos dejetos. A outra está ligada às atividades de suporte, como conversão da terra para pastagens e uso de insumos. Entre elas, o manejo de dejetos é entendido como a frente mais estratégica e que pode dar resultados rapidamente.
“Experiências nacionais, como a do Brasil, mostram que o manejo adequado dos dejetos animais pode transformar um passivo ambiental em fonte de energia limpa, fertilizantes e inclusão produtiva”, reforça o guia.
Outro ponto de destaque diz que a pecuária intensiva, principalmente de suínos e bovinos leiteiros, concentra os maiores pontos de emissão. Mas, por outro lado, seria o sistema com a melhor condição para a adoção de tecnologias de mitigação, uma vez que a concentração de animais facilita coleta, armazenamento e, por consequência, o tratamento dos dejetos.
De acordo com o guia apresentado na COP 30, quatro etapas são fundamentais para o sucesso do trabalho:
- Identificar fontes de dados disponíveis com a realização de censos agropecuários, inventários de emissões de gases e sistemas de monitoramento;
- Localizar cadeias e espécies prioritárias ao mapear quais categorias animais concentram maior volume de dejetos e emissões e verificar a concentração geográfica;
- Cruzar informações de volume, densidade e práticas produtivas com sistemas intensivos (tecnologias de manejo dos dejetos) e extensivos (boas práticas de manejo e conservação de solo, manejo de pastagens e incentivos indiretos);
- Projetar o potencial energético dos dejetos ao calcular o potencial de mitigação das regiões prioritárias e traduzir os volumes de dejetos em equivalentes energéticos (biogás, biometano, eletricidade).
Fonte. https://globorural.globo.com/cop-30/noticia/2025/11/manejo-de-dejetos-na-pecuaria-e-alternativa-contra-emissao-de-metano.ghtml
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