Inaladores para asma e DPOC contribuem para aquecimento global, apontam novos estudos
Pesquisas mostram que hidrofluoralcanos usados em inaladores dosimetrados geram poluição equivalente a centenas de milhares de carros
Pacientes que dependem de inaladores para tratar asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) podem estar, sem saber, contribuindo para o aquecimento global. Estudos publicados na revista JAMA nesta segunda-feira (6) mostram que os propelentes chamados hidrofluoralcanos (HFAs), usados em inaladores dosimetrados, são responsáveis por emissões que retêm calor na atmosfera milhares de vezes mais que o dióxido de carbono.
Segundo a pesquisa, em apenas um ano, a poluição causada por esses inaladores equivaleria à emissão de mais de meio milhão de carros ou ao consumo de energia de 470 mil residências. O estudo apontou que os inaladores dosimetrados respondem por 98% da poluição climática gerada pelos inaladores.
Para os pesquisadores, o problema não está no medicamento em si, mas nos HFAs. "São produtos muito pequenos, e é difícil imaginar que possam ser contribuintes tão significativos, mas é um problema perfeitamente solucionável com outros produtos disponíveis", afirma William Feldman, pneumologista e coautor dos estudos.
Entre 2014 e 2024, farmacêuticos nos EUA dispensaram 1,6 bilhão de inaladores, gerando 24,9 milhões de toneladas métricas de emissões equivalentes de dióxido de carbono por ano. No período, as emissões anuais aumentaram 24%, passando de 1,9 milhão para 2,3 milhões de toneladas métricas de CO2e.
Apesar de não serem tão prejudiciais à camada de ozônio quanto os antigos inaladores com clorofluorcarbonos, os HFAs ainda não são a opção mais ecológica. Desde 2021, a Administração de Veteranos dos EUA prioriza inaladores de pó seco, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em mais de 68% entre 2008 e 2023.
No entanto, nem todos os pacientes podem usar inaladores alternativos. Crianças pequenas, idosos ou pessoas com limitações respiratórias podem ter dificuldades com inaladores de pó seco, e questões de custo e cobertura pelos planos de saúde também são barreiras.
Especialistas apontam que, mesmo sendo uma parcela menor do impacto climático em comparação com tráfego, agricultura e geração de energia, reduzir as emissões dos inaladores é um passo importante. "Cabe a todos nós tentar fazer nossa parte na redução de emissões", afirma Feldman.
Kate Bender, da American Lung Association, reforça que mudanças devem preservar o cuidado com o paciente. "Devemos buscar um futuro onde os inaladores não emitam gases de efeito estufa, mas precisamos garantir que as pessoas ainda tenham acesso a inaladores com propelentes e outras opções."
Fonte. https://www.folhadoestado.com.br/saude/inaladores-para-asma-e-dpoc-contribuem-para-aquecimento-global-apontam-novos-estudos/628149
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