Planalto vê CPI do Crime Organizado com maior risco político que INSS
Governo teme que oposição consiga monopolizar o debate no Congresso com segurança pública
O Palácio do Planalto avalia que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado, que será instalada na terça-feira (4) no Senado, tem potencial de gerar maior desgaste para o governo Lula do que a própria CPMI (omissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga descontos irregulares de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O colegiado terá como foco a apuração da atuação de milícias e de facções criminosas. O anúncio da CPI foi feito na quarta-feira (29) pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos.
Na visão de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a direita vai se agarrar ao tema da segurança pública como última esperança para frear o crescimento da aprovação da gestão petista.
A preocupação é que a oposição consiga dominar o Congresso com a pauta do enfrentamento à criminalidade, enquanto o governo quer seguir explorando temas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil, a escala 6x1 de trabalho, tarifa zero no transporte público e outras propostas voltadas para a campanha eleitoral de 2026.
Sob reserva, aliados do Planalto admitem que, se o governo for forçado a falar apenas de segurança pública, tende a perder a batalha de narrativa para a oposição.
Isso porque o tema é considerado favorável à direita e, historicamente, negativo para a esquerda, que busca equilibrar a defesa dos direitos humanos com a ação concreta dos estados no combate ao crime organizado.
Para tentar evitar que a CPI do Crime Organizado monopolize a pauta, o Palácio do Planalto traçou uma estratégia para que os senadores mais combativos da base do governo atuem na comissão. Entre eles, o líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), e Rogério Carvalho (PT-SE), além de parlamentares alinhados ao Planalto, como Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (MDB-SE), que pleiteia a relatoria.
Já a direita deve indicar nomes como os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (Podemos-PR) e Marcos do Val (Podemos-ES).
Como mostrou a CNN Brasil, o PT e o Palácio do Planalto farão pesquisas para avaliar a percepção da população sobre a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha. O objetivo é orientar o posicionamento do partido e do governo no combate ao crime organizado.
O presidente Lula também tem sido orientado a evitar falas de improviso sobre segurança pública. O receio é que eventuais deslizes virem munição para a oposição no debate sobre o combate ao crime organizado.
Pesquisas feitas após a megaoperação apontam apoio da população e o crescimento da aprovação do governador Cláudio Castro (PL).
Um levantamento da Genial/Quaest apontou que 64% da população do estado do Rio de Janeiro aprova a megaoperação policial contra a facção criminosa Comando Vermelho.
Já o Datafolha mostrou que a gestão do governador Cláudio Castro alcançou o maior índice de aprovação desde 2022. Segundo o levantamento, 40% dos moradores da capital e da região metropolitana do Rio de Janeiro avaliam o governo como ótimo ou bom.
Fonte. https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/jussara-soares/politica/planalto-ve-cpi-do-crime-organizado-com-maior-risco-politico-que-inss/
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