A Nestlé e o Banco do Brasil anunciaram uma parceria que disponibilizará, inicialmente, R$ 100 milhões em linhas de crédito voltadas a projetos de descarbonização em fazendas de leite. O foco inicial são cerca de 1 mil produtores localizados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, que já são fornecedores da companhia.
Por meio do acordo, a Nestlé atuará como elo entre o BB e os produtores de leite. A iniciativa também visa orientar os pecuaristas na aplicação dos recursos em práticas regenerativas e de baixo carbono, garantindo que os investimentos resultem em impacto real na sustentabilidade. Essas práticas envolvem desde o manejo do solo e técnicas agrícolas até o bem-estar animal e o uso de energia limpa nas propriedades.
Segundo Bárbara Sollero, diretora de agricultura regenerativa da Nestlé, o Brasil é a maior operação global da companhia na compra de leite fresco e uma vitrine em práticas regenerativas. “A parceria com o BB rompe uma das principais barreiras para a transição em escala, que é o acesso ao financiamento com taxas competitivas. Acelerar a transformação da cadeia do leite é parte central da nossa estratégia”, explica.
Bárbara Sollero, da Nestlé: "Não temos restrições de valores, estamos prontos para ir adiante” — Foto: Divulgação
João Fruet, diretor de corporate e banco de investimento do BB, afirma que a parceria é um exemplo de como o banco atua para alavancar a aplicação sustentável do crédito rural. “O convênio permite ao produtor a obtenção de financiamentos com taxas competitivas e à empresa conveniada a originação da matéria destinada à sua produção”, diz. As linhas de crédito são as mesmas tradicionalmente operadas pelo banco, tanto para investimento como para custeio.
Sollero aponta que a Nestlé já mapeou diversos projetos e estima que os R$ 100 milhões da parceria inicial com o BB seriam desembolsados em cerca de oito meses. Já Fruet diz que esse valor é um primeiro passo e que a parceria pode ser ampliada. “É um valor bom pra começar, porque a cadeia do leite tende a ter produtores menores e até por isso é importante a curadoria da Nestlé nesse processo. Mas não temos restrições de valores, estamos prontos para ir adiante”.
No programa Nature por Ninho, os produtores que fornecem à Nestlé são incentivados e remunerados conforme a implementação de práticas sustentáveis e regenerativas, avaliadas em quatro níveis de verificação: bronze, prata, ouro e diamante. Sollero lembra que a companhia tem a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050 e que 70% dessas emissões vêm dos ingredientes usados em seus alimentos.
E do total de ingredientes, quase 50% vem do leite. “Há muitos anos estamos trabalhando e engajando os produtores nessa jornada de descarbonização. Agora entramos em uma nova etapa, que é conseguir linhas de crédito atrativas para os investimentos e vencer a barreira da escala na agricultura regenerativa”.
Fruet afirma que o projeto com a Nestlé ajudará o BB a atingir suas metas de investimento sustentável e que há potencial para discutir outros tipos de parceria no futuro. “Com a descarbonização vamos trilhando um caminho e podemos começar a discutir questões que não são o foco hoje, mas que têm potencial, como a captura e comercialização de carbono. Podemos ajudar o produtor a ter acesso a liquidez em outros mercados”.
Fonte. https://globorural.globo.com/especiais/agricultura-regenerativa/noticia/2025/10/nestle-e-bb-firmam-parceria-de-r-100-milhoes-para-agricultura-regenerativa-na-producao-de-leite.ghtml
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